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Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, volume 4, número 1, março de 2001

SUMÁRIO / CONTENTS
Frente
Verso 


 Editorial


1. Quem tem medo da angústia?
Vera Lopes Besset

Este texto insere-se na discussão atual no Grupo de Trabalho “Psicopatologia e Psicanálise”, da Anpepp, sobre o tema da angústia. Nesse sentido, traz a questão da evitação da angústia no contemporâneo, sobretudo a que se observa entre os próprios psicanalistas, às vezes muito ávidos das soluções oferecidas por uma psiquiatria atual ancorada nos novos e eficazes medicamentos. 
Palavras-chave: Angústia, psicopatologia, clínica psicanalítica, desejo, sujeito

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2. Sobre a fobia e o pânico
Vera Lopes Besset

Gostaríamos de discutir a especificidade do tratamento psicanalítico das fobias e do pânico. Alguns entraves apresentam-se nessa proposta de trabalho pela via da palavra. Especialmente, o fato dessas manifestações patológicas freqüentemente se apresentarem para o sujeito que delas sofre sob o modo de uma inibição e não sob a forma de um sintoma que apela à decifração.
Palavras-chave: Fobia, pânico, angústia, psicopatologia, psicanálise

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3. Violência e alteridade: o mal-estar na adolescência
Marta Rezende Cardoso

Explorar a articulação entre violência pulsional e adolescência é um dos objetivos principais deste trabalho no qual se procura sublinhar os aspectos traumáticos envolvidos nessa passagem. Destaca-se a questão da revivência do Édipo e, particularmente, a sua ressonância, muitas vezes também traumática, no psiquismo dos próprios pais. 
Um belíssimo e trágico romance de Arthur Schnitzler (1913) – Madame Béate e seu filho – relato de múltiplas passagens ao ato, apoiadas simultaneamente nos vividos inconscientes de uma mãe e seu filho adolescente diante de um intraduzível “mal-estar”, inspira e auxilia a elaboração das idéias apresentadas.
Palavras-chave: Adolescência, violência, pulsão, complexo de Édipo

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4. A “adoção psíquica” e suas dificuldades
J.R.A. Correia, M. Allain, M.S.B. Amorim, A.M.B.C. Lima, E.F.F. Oliveira e T.C.N. Queiroz

Visando prevenir distúrbios psíquicos precoces, nós nos interessamos pela articulação do psicanalista com o pediatra e a assistente social no atendimento público de nossa região. Neste contexto, apresentamos reflexões surgidas no Centro Médico Psicopedagógico Infantil, CEMPI, desenvolvidas pelo Grupo Psicanálise e Pediatria.
Procuramos entender fatores em causa na adoção, e nos seus impedimentos. Estabelecemos a hipótese de que é a assunção da fantasia relacionada com a criança que dá lugar à adoção da fantasia realizando assim a “adoção psíquica”. Dificuldades no investimento dos pais se traduzem em transtornos da “adoção psíquica”. Distinguimos: adoção bem-sucedida, adoção recusada (autismo), abandono e adoção não decidida. 
Tentamos desenvolver os conceitos propostos buscando basear a construção de suas formulações na literatura e em situações clínicas. A necessidade de formular esses conceitos e suas articulações justifica-se pelo entendimento de que as situações clínicas a eles associadas são terreno de escolha para a intervenção precoce.
Palavras-chave: Adoção psíquica, adoção recusada, autismo infantil, adoção não decidida, obsessionalização da maternagem, abandono, fantasia de gravidez, luto

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5. A depressão na economia dos processos de diferenciação e integração psíquica
Daniel Delouya

Interrogados sobre as questões atuais acerca da depressão – tema proposto para a primeira jornada desta revista –, o presente trabalho sugere que a depressão nos permite relançar as questões cruciais em relação à dimensão econômica do aparelho psíquico, integrando-a a outras, tópica e dinâmica, do mesmo. A depressão encontra-se no cerne de um princípio que, em analogia à biologia, condiciona e possibilita o surgimento da vida e sua permanência. Ou seja, abriga dentro dela um princípio paralelo ao que rege, na termodinâmica, a tendência negentrópica. Em outras palavras, ela conduz a construção da vida psíquica através das duas classes de processos que possibilitam, nesta analogia, a vida: diferenciação e integração. Alguns momentos e vinhetas clínicas são trazidos como ilustração desses processos.
Palavras-chave: Diferenciação, integração, quiescência narcísica, pulsão de morte

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6. Angústia e violência – sua incidência na subjetivação
Analuiza Mendes Pinto Nogueira

Este texto indaga se a angústia pode gerar atos de violência, quando não encontra vias de simbolização.
O problema é investigado a partir do exame dos modos de subjetivação de crianças e jovens com história de abandono e/ou práticas de violência, e sua discussão, por meio de um caso clínico, aborda os prejuízos decorrentes da ruptura precoce dos laços familiares, que reinstala o desamparo, e da perda da função paterna, que implica um déficit simbólico e instaura a tendência para “agir as pulsões”.
Palavras-chave: Psicanálise, angústia, violência, subjetividade, estudo de caso

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7. O problema do diagnóstico em psicopatologia
Gilda Paoliello

A autora discute a questão do diagnóstico em psiquiatria, confrontando-o com o diagnóstico em medicina. Critica a tendência atual de se referenciar a psiquiatria no paradigma médico-científico, o que leva à exclusão do sujeito, do psiquiatra e da própria clínica.
Propõe o resgate da clínica em suas referências clássicas, aliada à ética do sujeito.
Palavras-chave: Psiquiatria, medicina, psicanálise, sujeito, objeto

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8. Oposição e conflito na metapsicologia da angústia
Paulo de Carvalho Ribeiro

Partindo da existência de diferentes graus e efeitos da angústia, busca-se estabelecer uma associação da angústia psicótica com a prevalência de uma oposição não conflitiva entre as forças pulsionais disruptivas e os elementos de ligação, transformados em exigências de um supereu tirânico e aberrante. Algumas idéias de Jean Laplanche sobre a exclusividade das forças de desligamento no inconsciente são criticadas, levando, assim, à discussão sobre o recalcamento, bem como a questões relacionadas com a presença do conflito nas neuroses e sua ausência nas psicoses.
Palavras-chave: Angústia, psicose, supereu, conflito

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9. A angústia e o sintoma na clínica psicanalítica
Tânia Coelho dos Santos

O sujeito sobre o qual a psicanálise opera é o sujeito da ciência. O inconsciente não é o que escapa à ciência e sim um dos efeitos de retorno dessa exclusão. O sintoma histérico foi um desses efeitos de retorno da foraclusão do nome-do-pai pelo discurso da ciência ou de sua redução à função do pai de família e às autoridade educativas e sociais. Hoje, vemo-nos confrontados com novos sintomas que parecem ter origem no esvaziamento progressivo da função paterna, e nos obrigam a ressituar a transmissão da castração para além do pai. A inexistência da relação sexual, ou a divisão do objeto mulher/mãe é uma outra vertente da castração que nos permite enfocar a estrutura do sintoma na atualidade.
Palavras-chave: Angústia, sintoma, função paterna, objeto a, castração

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10. A “indústria dos ensaios clínicos” e sua repercussão sobre a prática médica contemporânea
Mônica Teixeira e Erney Plessmann de Camargo

Este artigo relata a maneira pela qual a indústria farmacêutica organiza a experimentação de novas drogas em seres humanos, tal como vem ocorrendo a partir do início da última década do século 20 nos Estados Unidos. Ao fazê-lo, situa aspectos econômicos da produção de fármacos, e sua extraordinária expansão que é uma característica da contemporaneidade. Descreve também práticas tradicionais da clínica médica relacionadas aos ensaios clínicos, em especial as regras éticas aceitas internacionalmente para a investigação médica quando envolve pessoas, estabelecidas depois do horror suscitado pela divulgação dos “experimentos” de médicos nos campos de concentração nazistas. 
O artigo retrata parte do debate que o surgimento e a consolidação  da “indústria dos ensaios clínicos” – clinical trials industry – suscita entre profissionais ligados à prática da medicina, revelado nas revistas The Lancet e New England Journal of Medicine e em relatórios de órgãos de supervisão do governo norte-americano. Conflito de interesses, má conduta científica, o desrespeito ao princípio ético primum non nocere e à regra do consentimento informado dos voluntários que participam de ensaios ocupam o centro das preocupações levantadas por esses profissionais.    
Palavras-chave: Ensaios clínicos, ética médica, medicina baseada em evidências

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Clássicos da Psicopatologia 

 Sobre os fundamentos da psicoterapia de base analítico-existencial, segundo Ludwig Binswanger

     Mário Eduardo Costa Pereira

Em seu livro mais recente, dedicado ao estudo dos fundamentos da psicoterapia, Pierre Fédida (2001) faz o seguinte comentário a respeito do artigo “Sobre a psicoterapia”, de Binswanger: Em seu texto de 1935, “Sobre a psicoterapia” Ludwig Binswanger designou o fundamento ontológico e existencial da psicoterapia nesse Menschsein – esta “estrutura do ser-homem enquanto ser-no-mundo [in-der-Welt-sein] (Heidegger), o ser com e pelo outro” (ibid.: 166).

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 Sobre a psicoterapia

     Ludwig Biswanger

Um dia, durante uma conferência, perguntamos à platéia o seguinte: “O que vocês esperam, primordialmente, de uma conferência sobre a psicoterapia?” e os jovens suíços, estudantes de medicina, de nosso auditório responderam sem hesitação alguma: “Explique-nos como a psicoterapia pode agir?”. Podemos admitir igualmente que alguns dentre vocês, leitores, colocaram se esta questão e esperam uma resposta. Para o jovem estudante de medicina, uma significação completamente nova aparece quando ele ouve falar de um exercício médico para o qual não deve utilizar nem mão, nem instrumento ou medicamento, nem luz, água ou ar, assim como também não deve lançar mão de eletricidade, calor ou frio, mas apenas do discurso humano, das palavras e de todos os outros meios pelos quais o homem pode entrar em contato com o homem e agir sobre ele.

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Entrevistas

Apresentação

     Mario Eduardo Costa Pereira

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Entrevista com Pierre Fédida

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Entrevista com Manoel Tosta Berlinck 

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Resenha de livros

Psicossomática: de Hipócrates à psicanálise

     Patrícia Lacerda Bellodi

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