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CRONOLOGIA DO MOVIMENTO PSICANALÍTICO BRASILEIRO


(1914-1970)

1914 – Genserico Aragão de Souza Pinto defende tese intitulada Da psicoanalise: a sexualidade nas nevroses, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
1918 – O psiquiatra carioca Julio Pires Porto-Carrero inicia seus estudos de psicanálise, enquanto Afrânio Peixoto comenta as teses freudianas em seu curso de Medicina Legal.
1920 – Publicação em São Paulo do primeiro livro brasileiro sobre a psicanálise, O pansexualismo na Doutrina de Freud, de autoria do fundador da psiquiatria paulista, Franco da Rocha.
1921 – O psiquiatra carioca Henrique Roxo publica o seu Manual de Psiquiatria, com um capítulo dedicado a Freud e à psicanálise.
1922 – Semana de Arte Moderna de São Paulo. Publicação de Paulicea Desvairada, de Mário de Andrade, escrito em 1920. Obra fundadora do movimento modernista e a primeira obra literária a abordar a temática freudiana no Brasil.
1923 – Julio Pires Porto-Carrero inicia os primeiros tratamentos psicanalíticos no Rio de Janeiro na sede da Liga Brasileira de Higiene Mental, LBHM.
1925 – A Revista, publicação recém fundada por Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, entre outros, inicia a tradução de Cinco lições de psicanálise, por Iago Pimentel, interrompida com o encerramento da publicação no número seguinte.
1926 – Em São Paulo, Durval Marcondes publica O Simbolismo Esthético na Literatura. Ensaio de uma Orientação para a Crítica Literária Baseada nos Conhecimentos Fornecidos pela Psycho-analyse, prefaciado por Franco da Rocha, e envia um exemplar a Freud.

– O psiquiatra carioca Belford Roxo visita Freud em Viena.



– O psiquiatra paulista Osório Cesar envia a Freud um exemplar do seu livro A Arte Primitiva dos Alienados, Memórias do Hospício do Juquery.

1927 – 24 de novembro. Em São Paulo, fundação da Sociedade Brasileira de Psicanálise, a primeira da América Latina.

– 1ª Conferência Nacional de Educação em Curitiba. Porto Carrero apresenta a tese intitulada « O Caracter do escolar segundo a psychanalyse ».

1928 – Abril-Julho. Realização do Curso de Psicanálise Aplicada à Educação, na sede da Associação Brasileira de Educação, ABE, por iniciativa de Porto-Carrero e Deodato de Moraes.

– 17 de Junho. Fundação da Seção carioca da Sociedade Brasileira de Psicanálise, no “Gabinete de Psychanalyse do Hospital Nacional de Psychopatias”, por eminentes psiquiatras como Juliano Moreira, Murilo de Campos, Carneiro Ayrosa e Porto-Carrero além do educador Deodato de Moraes.



– Publicação do primeiro e único número da Revista Brasileira de Psicanálise, patrocinada pela SBP.

1929 – Julho. Julio Pires Porto-Carrero apresenta o Relatório da Seção de Psicanálise, no III Congresso Brasileiro de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal, no Rio de Janeiro, onde faz um balanço do movimento psicanalítico brasileiro. O texto é também o primeiro trabalho historiográfico sobre o movimento psicanalítico brasileiro.
1930 – Durval Marcondes faz uma série de conferências sobre a Psicanálise na sede da Associação Brasileira de Educação, ABE.

– O médico gaúcho Martim Gomes publica A Criação Estética e a Psicanálise.

1931 – Publicação da primeira tradução de Freud em língua portuguesa, Cinco Lições de Psicanálise traduzida por José Barbosa Corrêa e Durval Marcondes, pela Editora Nacional de São Paulo.

– O educador Renato Jardim publica o livro Psychanalyse e Educação condenando a sua aplicação na Educação.



– Setembro. Fundação da Associação Paulista de Medicina, APM. Em outubro Marcondes apresenta a comunicação « O Valor Técnico do Sonho na Prática Psicanalítica ».



– Na Bahia, Arthur Ramos reuni um grupo de médicos para discutir as teses freudianas, entre eles, o pediatra Hosannah de Oliveira.

1933 – As obras de Freud começam a ser traduzidas por editoras cariocas sob a responsabilidade de uma equipe composta de médicos e psicanalistas como Odilon Gallotti, Porto-Carrero, Elias Davidovich e Moysés Gikovate. Mais de 50 títulos são publicados ao longo da década.
1934 – Arthur Ramos funda a Seção Técnica de Ortofrenia no Rio de Janeiro, a primeira experiência de Cínica de Orientação Intantil, de inspiração psicanalítica, entre outras.

– A recém criada Revista Médica da Bahia, que reune personalidades do meio médico local dedica o seu segundo número à psicanálise.

1937 – Novembro. Tem início a formação do primeiro grupo de analistas paulistas, por Adelheid Koch, a primeira analisa didata da América Latina autorizada pela International Psychoanalytical Association, IPA. Além de Durval Marcondes, o círculo é formado por Virgínia Bicudo, Flávio Dias, Darcy Uchoa, Frank Philips e Nabantino Ramos.
1938 – Na capital paulista, Durval Marcondes funda a Clínica de Orientação Infantil, subordinada ao Serviço de Saúde Escolar do Departamento de Educação da Secretaria Estadual de Educação e de orientação psicanalítica
1940 – A disciplina “Psicanálise e Higiene Mental” é introduzida na formação dos sociólogos da Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo, por Durval Marcondes e Adelheid Koch. Na mesma época, Roger Bastide introduz o tema “Psicanálise e Sociologia” no seu curso na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, USP.
1944 – Criação do Centro de Estudos Juliano Moreira, no Rio de Janeiro, destinado a reunir médicos interessados na psicanálise.

– O casal gaúcho Zaira e Mário Martins se instala em Buenos Aires onde são analisados por Angel Garma, seguidos de José Lemmertz (1945) e Cyro Martins (1951). De retorno, eles começam a formar os primeiros analistas gaúchos.

1946 – No Rio de Janeiro, a psiquiatra Nise da Silveira, responsável pela Seção de Terapia Ocupacional do Hospital Psiquiátrico Engenho de Dentro, cria o Grupo de Estudos de Psicologia Jungiana.
1947 – Criação do Instituto Brasileiro de Psicanálise, IBP, por Domício Arruda Câmara no Rio de Janeiro.
1948 – Fevereiro. Mark Burke, judeu de origem polonesa e membro associado da British Psychoanalytical Society chega ao Rio de Janeiro, seguido, em dezembro, de Werner Kemper, membro da Sociedade de Berlim e ex-diretor da Policlínica do Instituto Goring, durante o regime nazista. Os dois são autorizados por Ernst Jones a formar os primeiros analistas cariocas de acordo com o modelo ipeista.

– Frank Philips, formado no divã de Adelheid Koch, se instala em Londres onde é analisado por Melanie Klein e mais tarde W. Bion. É o começo da prática de idas e voltas à nova capital da psicanálise, Londres.

1950 – No Rio de Janeiro, ocorre a cisão no IBP com a formação de dois grupos, um dirigido por Kemper e outro por Burke. Um terceiro grupo se forma também em torno dos analistas formados na Argentina, Danilo Peretrello, Marialzira Perestrello e Walderedo Ismael de Oliveira.

– Chegada do segundo analista didata, Théon Spanudis, em São Paulo.

1951 – Reconhecimento da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, SBPSP, pela IPA.

– O psicanalista Alcion Baer Bahia introduz a primeira experiência de psicoterapia de grupo no Serviço Nacional de Doenças Mentais no Rio de Janeiro. Em São Paulo, essa experiência tem início em 1953, através de Oscar Rezende de Lima no Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Industriários, IAP.

1953 – Criação da primeira Clínica de Psicologia na Faculdade Sedes Sapientiae por Madre Cristina, seguida do curso de especialização em Psicologia Clínica da USP, que conta com a participação de Durval Marcondes.

– Criação no Rio de Janeiro do Instituto de Medicina Psicológica (IMP), por Iracy Doyle, próxima da tendência culturalista americana.

1954 – Realização do 1° Congresso Latino-Americano de Saúde Mental em São Paulo. Tem início no Brasil a polêmica sobre a análise profana e a legalização da profissão.

– O psicanalista gaúcho, Décio Soares de Souza volta de Londres e se instala no Rio de Janeiro, onde introduz as teses kleinianas e inaugura a clínica de crianças na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Ele integra o grupo que funda a SBPRJ, para ser expulso em 1965.

1955 – Reconhecimento pela IPA da Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro, SPRJ, chefiada por W. Kemper.
1957 – 6 de junho. O Ministério da Saúde publica o Aviso 257, assinado por Maurício de Medeiros, normatizando o exercício da psicanálise e autorizando sua prática a profissionais não-médicos.
1958 – No Rio de Janeiro, a editora Delta, de Waissman Koogan, publica pela primeira vez as Obras Completas de Freud em dez volumes.
1959 – Reconhecimento pela IPA da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro, SBPRJ, constituída pelo grupo de Burke e dos analistas formados na Argentina e em Londres.
1960 – Fundação do Comitê Coordenador das Organizações Psicanalíticas da América Latina, COPAL, reunindo as Sociedades ipeistas, atual Federação Psicanalítica da América Latina.

– As teses de Igor Caruso são difundidas no Rio Grande do Sul por iniciativa do padre Malomar Edelweis, se expandindo principalmente entre os jesuítas. Ao longo do decênio, diversos Círculos de Psicologia Profunda são criados e seu ensino ganha as Universidades Católicas de Porto Alegre, Pelotas e São Leopoldo e sobretudo os cursos de psicologia.

1961 – Criação do Instituto de Psicanálise da SBPSP.
1963 – Fundação da Associação Brasileira de Psicoterapia Analítica de Grupo.
1966 – É lançado o Jornal de Psicanálise, sob a responsabilidade do Instituto de Psicanálise paulista.
1967 – É lançada a Revista Brasileira de Psicanálise em São Paulo.

– Fundação da Associação Brasileira de Psicanálise reunindo as Sociedades afiliadas à IPA no Brasil.



– W. Kemper retorna à Alemanha. Seu passado nazista será revelado somente nos anos 90.

1968 – Cisão na SPRJ comandada por Kattrin Kemper. No ano seguinte, ela funda, entre outros, com Hélio Pellegrino o Círculo Psicanalítico da Guanabara, transformado em Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro, com o apoio de Igor Caruso, de passagem pelo Brasil.
1969 – É fechado o contrato para a publicação das Obras Completas de Freud pela Editora Imago do Rio de Janeiro, de propriedade do psicanalista Jayme Salomão.
1970 – Agosto. Realização do V Congresso Internacional de Psicodrama e Sociodrama concomitante ao I Congresso Internacional de Comunidade Psicoterapêutica. Esses acontecimentos marcam o começo da disputa entre psicanalistas e psicoterapeutas pelo mercado de trabalho dito «psi», em plena expansão.

– Início da formação doutoral em Psicologia Clínica na Universidade de São Paulo, dirigida por Durval Marcondes.