Revistas > Latin American Journal of Fundamental Psychopathology Online > Volumes > Volume 2, Número 2, novembro de 2005

Ficha Editorial

Editorial

1. O inacessível Gerson: Um estudo sobre fobias e ataques de pânico

Elisabeth Antonelli


Do alcance obtido graças aos avanços da pesquisa psicanalítica, em especial nos casos de patologia do narcisismo até discussões mais espinhosas referentes à esterilidade de análises muito longas no tempo, temos um amplo território a percorrer. Pretendo neste artigo trazer á tona a impossibilidade de analisar nos casos aonde o próprio pathos, a própria situação de vida a que o sofrimento lança o sujeito, o afasta do consultório da analista.Quando Gérson vem me procurar, encontra-se num estado de depressão já avançado e uma recusa renitente em lançar mão dos recursos medicamentosos que poderiam lhe permitir ter conforto paliativo, que talvez pudessem contribuir para que ele viesse para o tratamento analítico.E, deste modo, foi indo embora, deixando que a agorafobia entrasse em cena.

Palavras chaves: depressão, pânico, agorafobia.


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Recebido em 8 de junho de 2005
Aceito em 28 de junho de 2005
Revisado em 15 de outubro de 2005

2. Psychoanalysis and neurosciences on the Moebius strip

Sonia Alberti and João Ferreira Silva Filho

Litterature becomes quite interesting at its intersection with psychoanalysis and neurosciences, mainly when their relational difference scientific discourse is fully identified. At this point, neurosciences are much closer to experimental sciences, but this does not imply that Psychoanalysis has to be considered folk psychology, even if its object can not be studied through experimentation. Freud’s theory elaborates some laws on psychic functioning that may connect psychoanalytical theory to conjectural sciences, like Mathematics and History. This article examines some of these laws, and how helpful they may become to the discussion between neurosciences and psychoanalysis. The most important distinction we could firstly observe relies on the fact neurosciences work with conscious memory strains, while freudian psychoanalysis makes difference between conscious memory strains, structured by secondary processes and the primary ones, regarded with a completely different – unconscious – logic. Furthermore, neurosciences also deal with a cognitive concept of perception directly related to memory, while Freud clearly observes that those neurons which perceive do not retain any strain of memory. Aphasia and dreaming are two clear examples that emmerge the discussion. Recalling Descartes distinction between res cogitans and res extensa, the development attracts our attention to the fact that we are still at the very begining of our investigations on human mind despite our enthusiasm since the 1990’s – an era known as the “brain decade”.

Key words: scientific methods – neuroscience and psychoanalysis – conscious and unconscious – primary and secondary processes – discourses.


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Recebido em 10 de setembro de 2005
Aceito em 27 de setembro de 2005
Revisado em 15 de outubro de 2005

3.Considerações sobre a neurose obsessiva

Helena Maria Melo Dias


Neste trabalho busco configurar a neurose obsessiva traçando, em linhas gerais, as características que demarcam sua dinâmica de funcionamento, na perspectiva da primeira teoria das pulsões de Freud. Num enfoque filogenético e ontogenético destaco duas fantasias originárias constitutivas da subjetividade, do pathos humano, que são: a fantasia de retorno ao seio materno, ressonância da pulsão sexual, bem como, a fantasia da castração, oriunda do parricídio, na qual o eu é afetado no seu narcisismo. Para tanto, articulo a estes estudos fragmentos de um caso de neurose obsessiva para pensar nas manifestações dessas fantasias, nessa clínica psicopatológica.

Palavras-chaves: fantasias originárias, filogênese, ontogênese e neurose obsessiva.


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Recebido em 5 de agosto de 2005
Aceito em 20 de agosto de 2005
Revisado em 15 de outubro de 2005

4. O mal-estar no envelhescimento: sujeitos, pathos e as quatro estações

José Carlos Zeppellini Junior


A população do nosso planeta está envelhecendo. Assim como em qualquer outra mudança, precisamos nos preparar, compreender e estabelecer formas de experienciar um mundo novo que vem se estruturando. Com o avanço da ciência médica e da tecnologia em geral, o Homem passou – ainda que de forma mais precária em países subdesenvolvidos – a contar com uma medicina capaz de favorecer o aumento na expectativa de vida. Contudo, devido a diversidade social e econômica que delimitam regiões por todo o globo, a qualidade do envelhecimento se constitui de forma peculiar em cada região estudada. Entretanto, as instituições culturais não se apresentam como as únicas entidades que influenciam no processo e na qualidade do envelhecimento das diversas populações. Torna-se necessário pensarmos nos processos psíquicos que fundamentam e articulam o espaço do idoso no campo inter e intrapsíquico. A velhice, na contemporaneidade, se configura como um estágio de declínio e invalidez; o que tolhe de forma bastante acentuada a expressão vital do idoso, nos colocando diante de uma “população jovem” extremamente angustiada com o próprio envelhecimento. Nos defrontamos, portanto, com o Pathos que proporciona a articulação de primitivos mecanismos de defesa, fantasias e desejos, tanto individuais como coletivos, que dão as cores e os contornos do campo de investimento que sustenta e inscreve a velhice na identidade subjetiva e na cultura de maneira geral.

Palavras-chave: Envelhecimento, Infância e Pathos.


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Recebido em 19 de setembro de 2005
Aceito em 23 de setembro de 2005
Revisado em 15 de outubro de 2005

5. O eu e o outro em Jean Paul Sartre: pressupostos de uma antropologia filosófica na construção do ser social

Márcia Jacoby e Sergio Antonio Carlos


O caráter do olhar, como fato que transporta a dimensão do estabelecimento da relação Eu-Outro, é um dos pilares filosóficos de Sartre. Desde este ponto, reconstitui-se a tarefa de Sartre e estudiosos de sua obra, na perspectiva de mostrar os fatores imprescindíveis no processo da existência humana. Seus ensaios antropofilosóficos re-significam os dramas existencialistas, agregando os trabalhos de exame dos problemas de sua época. Esses problemas foram suscitados principalmente pela interrogação crucial da relação entre o Eu e o Outro. Trata-se, então, de abordar a existência de um Ser constituído, identificado na convivência com os outros, num mundo construído de objetos e ações, marcado na realidade sócio-histórica pela consciência. É o ser consciente que faz o Homem ultrapassar seus limites, na constituição de sua temporalidade e de sua identidade como Ser social.

Palavras-chaves: existência, intencionalidade, liberdade


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Recebido em 20 de julho de 2005
Aceito em 30 de julho de 2005
Revisado em 15 de outubro de 2005

6. Psicanálise e análise de discurso: interlocuções possíveis e necessárias

Maria de Fátima Vilar de Melo


Este artigo tem como objetivo refletir sobre as interlocuções entre a Psicanálise e a Lingüística, enfocando, sobretudo, a Escola Francesa de Análise de Discurso fundada por Michel Pêcheux. Esse modelo de análise de discurso se constitui como o primeiro campo da Lingüística a empregar as descobertas da Psicanálise, especialmente os estudos lacanianos sobre o sujeito. As reflexões aqui apresentadas foram desenvolvidas a partir de produções atuais de lingüistas ou psicanalistas brasileiros e franceses.

Palavras-chave: Concepção de sujeito; Escola francesa de Análise de discurso; Psicanálise e Lingüística.


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Recebido em 1 de julho de 2005
Aceito em 2 de agosto de 2005
Revisado em 15 de outubro de 2005

7. Psicanálise, estética e violência: o Brasil não conhece o Brasil

Gisálio Cerqueira Filho


Abordagem, através da metodologia indiciária, da presença da violência estrutural na formação histórica do Brasil. O texto estabelece relações entre a psicanálise, a ciência política e a arte na compreensão das relações sociais e da ideologia.

Palavras-chave: violência, poder, ideologia, Psicanálise, Brasil


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Recebido em 21 de setembro de 2005
Aceito em 26 de setembro de 2005
Revisado em 15 de outubro de 2005

8. Uma dimensão paradoxal da teoria de Winnicott sobre a comunicação e sua importância na psicoterapia com crianças gravemente enfermas

Karina Codeço Barone e Nelson Ernesto Coelho Junior


A teoria de Winnicott sobre a comunicação contempla uma dimensão paradoxal. Comunicar-se e não se comunicar são fundamentais à plena realização do self. No setting psicoterapêutico, é a presença de um outro humano significativo e não-invasivo que permite ao paciente tanto comunicar suas experiências, quanto preservar um núcleo privado do self incomunicado. Neste trabalho, discutiremos a importância desta teoria de Winnicott sobre a comunicação na psicoterapia com crianças gravemente enfermas. Esta situação lança o paciente a uma condição de extrema exposição, decorrente de terapêuticas médicas invasivas. Assim, o espaço da psicoterapia deve procurar oferecer continência para que o paciente possa tanto compartilhar suas experiências traumáticas, obtendo proveito dessa comunicação para fins de elaboração, como preservar um núcleo privado do self.

Palavras-chave: Winnicott, comunicação, psicoterapia psicanalítica, estudos da subjetividade.


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Recebido em 2 de junho de 2005
Aceito em 15 de junho de 2005
Revisado em 15 de outubro de 2005

9. A trama do olhar

Edilene Freire de Queiroz


O pensamento do homem se realiza, essencialmente, por meio de imagens ópticas, e. sem o olhar do Outro, não existimos. Destacamos, neste trabalho, a importância das primeiras impressões visuais na organização psíquica do ser falante. Antes de a criança ser capaz de falar, ela vê e integra as impressões apreendidas na relação com o Outro. Se o olho é o órgão de apreensão da realidade, o olhar é o primeiro objeto de desejo e pode ser concebido como um primeiro objeto, que transiciona entre o bebê e a mãe. Expomos a posição de alguns autores pós-freudianos que têm discutido a função do olhar como antecipatória da organização do eu.

Palavras-chave: olhar, pulsão escópica, estádio do espelho, estádio do véu


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Recebido em 11 de junho de 2005
Aceito em 29 de junho de 2005
Revisado em 15 outubro de 2005

10. University care centers for the chemically dependant in the City of São Paulo, Brazil

Manuel Morgado Rezende


This study aims to explore and describe the treatment centers, located in the city of Sao Paulo, Brazil, considered references by the Brazilian National Anti-Drug Secretary. Interviews were conducted with the coordinator of the Service Program for Dependants (PROAD), the clinical director of the Research Unit of Alcohol and Drugs (UNIAD), both of which have been developed by the Federal University of Sao Paulo (UNIFESP). Also interviewed was one of the coordinators of the Interdisciplinary Group of Drug and Alcohol Studies (GREA) of the School of Medicine of the University of Sao Paulo (FMUSP). The object of this study is to get to know the theoretical foundations and techniques used in various treatment programs All the programs use preliminary and follow-up protocol for treatment, theoretical orientation and techniques are diverse and flexible. The psychodynamic approach, has been adopted by PROAD The behavioral-cognitive approach has been adopted by GREA and UNIAD. The use of advances in neuroscience and psycho-pharmacology and psychotherapies as well as the search for alternative ways to get the patient to participate in his own treatment is evident in each of these Centers.

Key words. University care centers, drug addicts, mental health, psychopathology


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Recebido em 9 de agosto de 2005
Aceito em 18 de agosto de 2005
Revisado em 15 de outubro de 2005

11. O milenar e o singular: a interpretação e a significação do mito do Gênesis e da Horda Primitiva na construção do poder masculino

Henrique Figueiredo Carneiro e Andréa Maria de Senna Marques


A dominação masculina, invenção social quase naturalizada, de cujo peso homens e mulheres padecem, é , na contemporaneidade, marcada por uma superposição de novas subjetividades como contrapartida ao imaginário enganador sob o qual foi construída, através de mitos, aproveitando sua estrutura sincrônica e diacrônica, da pré-história até hoje, ou até que se ampliem as fronteiras dos saberes sem negar as especialidades, permitindo o conhecimento das singularidades, a fim de melhor pensar o mundo contemporâneo.

Palavras-chave: mito, estrutura, dominação, masculinidade


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Recebido em 11 de setembro de 2005
Aceito em 21 de setembro de 2005
Revisado em 15 de outubro de 2005