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Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, volume 19, número 1, março de 2016

SUMÁRIO / CONTENTS   EDITORIAL  O futuro das revistas científicas  Manoel Tosta Berlinck Qual o futuro das revistas científicas? Quando iniciei a carreira de Editor de revistas científicas, nos princípios dos anos 1960, o sucesso da publicação era medido pela tiragem impressa. Supunha-se que quanto maior a tiragem, maior o número de leitores. As assinaturas e a distribuição física dos periódicos era, então, uma grande preocupação. Periódicos com artigos inovadores, de autores famosos e bem distribuídos, principalmente em bibliotecas públicas, eram considerados bem difundidos e lidos por muitos. Porém, nem sempre a distribuição era bem-sucedida e, apesar de autores famosos, exemplares encalhados eram destruídos.

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PDF Français   CONFERÊNCIA / CONFERENCE    Concepts of liberty and value pluralism: Implications for psychiatry Claudio E. M. Banzato Isaiah Berlin’s distinction between the ideas of ‘positive’ and ‘negative’ liberty is examined within the context of his value pluralism, in which goods, evils and forms of life are ultimately incommensurable (or incomparable through reasoning). Adopting this pluralist stance as to values, I try to answer the following question: does psychiatry need to/is it able to reach an explicit agreement as what is the best way to live? Given the precedence of practical reasoning in psychiatry, I suggest that, when confronted with certain kinds of human suffering (pathos), often associated with a clash between values, the last word (however tentative and always individual) should come from the clinical realm.

PDF    ARTIGOS / ARTICLES  A experiência subjetiva do uso de psicotrópicos na perspectiva de pessoas com diagnóstico de esquizofrenia  Iara Scaranelo Penteado Benini e Erotildes Maria Leal O presente artigo objetiva discutir a experiência subjetiva do uso de psicotrópicos na perspectiva de pessoas com o diagnóstico de esquizofrenia. Trata-se de um estudo qualitativo de base fenomenológica hermenêutica ou interpretativa que ocorreu a partir da análise de narrativas produzidas em grupos focais. Conclui ser a experiência do usuário de medicamentos diversa e importante, devendo ser incluída no processo de tomada de decisão quanto ao tratamento medicamentoso, onde o sujeito deve ser central.

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O lugar obsceno do suicídio Flávia Pinhal de Carlos e Marta Regina de Leão D’Agord  Este artigo busca interrogar a relação entre o obsceno e o suicídio. Para isso, inicia-se abordando o conceito de obsceno, que é entendido como o que não pode ser colocado em cena. Relaciona-se o obsceno com a morte, que é mostrada em sua vertente repugnante, que está relacionada com o impensável de nossa desaparição. Em seguida, a leitura de Durkheim sobre o suicídio é abordada, assim como diferentes abordagens psicanalíticas sobre o tema. Por fim, aborda-se a relação entre o obsceno e o suicídio, sustentando-se a ideia de que o suicídio pode ter um lugar obsceno.

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Saúde, sujeito e invenção: o trabalho clínico em oncologia pediátrica  Nina Gomes Costa e Ana Maria Szapiro Este artigo, tendo como referência a Psicanálise e a abordagem de Canguilhem quanto à sua concepção de saúde, apresenta um fragmento clínico em oncologia pediátrica, e propõe uma discussão sobre a concepção de saúde no contexto de intervenções técnicas complexas. Este trabalho volta-se para o resgate da dimensão de sujeito revelando que a saúde, nesses pacientes, diz respeito sobretudo à possibilidade presente em cada um de criar formas possíveis de viver. 

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Situação de crise psíquica e desejo de saber Helena Maria Melo Dias, Paulo Roberto Ceccarelli e Ana Cleide Guedes Moreira Este artigo, resultado de uma pesquisa de pós-doutorado, aborda a noção de crise psíquica em Pierre Fédida. Articula-se ao caso de uma paciente com HIV-AIDS, hospitalizada, cujos efeitos contratransferenciais da psicoterapia fazem pensar nos processos críticos da situação de crise psíquica e no desejo de “saber de si”. A escuta analítica possibilitou o saber de si. Considera-se que a noção de crise psíquica contribui com a investigação sobre a psicoterapia psicanalítica no hospital.

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A paixão pela imagem: o eu como cenógrafo das virtualidades do si mesmo Marina Pinheiro É propósito do presente trabalho perscrutar, através das expressões culturais da virtualização do si mesmo, a equivocidade pendular entre o fetichismo comum e as formas de estetização do desejo na atualidade tecnológica. Desde a primeira formação egoica, “projeção de superfície” do olhar materno, ao ego virtualizado nas marcações corporais extremas, ou mesmo avatarizado nos games e redes sociais; torna-se necessário à psicanálise a discussão sobre a dialética entre objetificação e possibilidades de autoração simbólica da existência na contemporaneidade.

PDF    SAÚDE MENTAL / MENTAL HEALTH  ARTIGO / ARTICLE  A concessão de benefícios e a aposta na singularidade: um desafio para a Saúde Mental Flávia Hasky e Ana Paola Frare Este artigo dedica-se à problematização da concessão de benefícios pelo Estado aos usuários dos serviços de Saúde Mental e à reflexão acerca do uso que estes usuários fazem do dinheiro. Fruto da experiência das autoras na estratégia de desinstitucionalização, baseia-se no referencial teórico e clínico da psicanálise para apostar na singularização das práticas que orbitam em torno do manejo do dinheiro no campo da Saúde Mental.  Recortes de casos ilustram a problemática.

PDF    CLÁSSICOS DA PSICOPATOLOGIA / CLASSICS OF PSYCHOPATHOLOGY ARTIGO / ARTICLE   Introdução à “Paralisia agitante”, de James Parkinson (1817) German  E. Berrios Apesar de uma extensa pesquisa empírica, o significado da Doença de Parkinson (DP) permanece incerto.1 É improvável que mais trabalhos “empíricos” solucionem esse problema, uma vez que a história da DP mostra algumas confusões conceituais implícitas. De fato, desde sua descrição “oficial”, em 1817, não houve um momento em que os limites clínicos da DP tenham permanecido verdadeiramente estáveis. Pesquisas atuais sugerem que a DP não é uma doença “unitária”, mas sim um complexo proteico de sinais e sintomas se formando e reformando periodicamente em diferentes subgrupos. Espera-se que uma análise histórica adequada da construção da DP possa esclarecer essas questões.

PDF   ENSAIO / ESSAY Um ensaio sobre a paralisia agitante James Parkinson  As vantagens que derivaram do cuidado com o qual afirmações hipotéticas são admitidas, não são de modo algum mais óbvias do que naquelas ciências que mais particularmente pertencem à arte da cura. É, portanto, necessário que alguma explanação conciliatória seja oferecida para a presente publicação, na qual se reconhece que a mera conjetura toma o lugar do experimento, e que a analogia é o substituto para o exame anatômico, única base segura para o conhecimento patológico.

PDF    HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA / HISTORY OF PSYCHIATRY  ARTIGO / ARTICLE  Ortopedia del alma. Degeneracionismo e higine mental en la Casa de Correción de Menores y Escuela de Trabajo San José, Colombia 1914-1947 Jairo Gutiérrez Avendaño y Lina Marcela Silva Ramirez  Objetivo: Comprender las prácticas y la formación experimental de la psicopedagogía de la infancia anormal en Colombia, llevadas a cabo en la “Casa de Corrección de Menores y Escuela de Trabajo San José”, entre 1914 y 1947. Métodos y materiales: estudio cualitativo, de enfoque histórico-hermenéutico, mediante investigación documental, heurística de archivos de patrimonio documental e historiografía institucional del periodo de estudio. Conclusiones: el surgimiento de un nuevo régimen de educación especial (médico-psico-pedagógico) estableció un cambio relevante del modelo reformatorio de castigo al de intervención pedagógica, influida por el cruce de doctrinas científicas de finales del siglo XIX y principios del XX, como la regla de lo normal y lo patológico, la teoría de la degeneración y la eugenesia, para el perfeccionamiento de un sujeto moderno capaz de ser útil por sí mismo y para la sociedad.

PDF    OBSERVANDO A PSIQUIATRIA / OBSERVING PSYCHIATRY  ARTIGO / ARTICLE  The classification, definition, and ontology of delusion  José Eduardo Porcher  Although delusion is one of the central concepts of psychopathology, it stills eludes precise conceptualization. In this paper, I present certain basic issues concerning the classification and definition of delusion, as well as its ontological status. By examining these issues, I aim to shed light on the ambiguity of the clinical term ‘delusion’ and its extension, as well as provide clues as to why philosophers are increasingly joining the ranks of psychiatrists, psychologists, and neuroscientists in the effort to come to a comprehensive understanding of delusion.

PDF    RESENHAS BIBLIOGRÁFICAS / BOOK REVIEWS  Um sistema para as estruturas clínicas Marta Regina de Leão D’Agord e Vitor Hugo Couto Triska  Alfredo Eidelsztein — autor de Modelos, esquemas y grafos en la enseñanza de Lacan, El grafo del deseo e La topologia em la clínica psicoanalítica, elabora os fundamentos da noção de estrutura clínica. No método pelo qual identifica a particularidade de cada estrutura está o mérito do psicanalista argentino. Propondo uma estrutura das estruturas clínicas — sendo estrutura, de acordo com a definição do próprio Lacan, “um conjunto covariante de significantes” onde a identidade dos termos é obtida por suas diferenças —, é dentro de um sistema de relações de oposição e vizinhança que cada estrutura clínica será apresentada. Ao mesmo tempo em que busca ser fiel aos textos lacanianos (as citações e matemas abundantes e cuidadosamente analisados o atestam), a maneira como os interpreta não é óbvia, mesmo para o leitor já familiarizado com Lacan.

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A última interpretação freudiana da religião Bruno Pinto de Albuquerque Ao longo de sua gigantesca obra, Sigmund Freud sempre se interessou por estudar os mais variados fenômenos psíquicos e sociais partindo da clínica psicanalítica que inaugurou. Esta se constitui fundamentalmente em um método de investigação e tratamento psíquico, cuja direção é regida pela ética da singularidade. O psicanalista em seu ofício oferece uma escuta cuja atenção é flutuante para deixar sempre aberta a possibilidade de que a fala do sujeito soe estrangeira. A clínica freudiana, construída ela mesma a partir de articulações com muitos outros campos do saber, insiste na aposta de que aquele que decide correr os riscos e pagar o preço da empreitada possa ter algum acesso a essa alteridade radical presente naquilo que possui de mais íntimo. É a abertura para este inominável, mais além da fantasia que recorta com o sentido o mistério inesgotável da vida, que pode aliviar o sintoma do neurótico que sofre pelo excesso de respostas.

PDFINSTRUÇÕES AOS AUTORES / INSTRUCTIONS TO AUTHORS   CAPA / COVER  Capa: Teresa BerlinckImagem da capa: Ana Calzavara. Do lado de lá, 2012. Xilogravura a cores. 104 cm x 134 cm.