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Volume 16, Número 4, dezembro de 2013

SUMÁRIO / CONTENTS

EDITORIAL

A Psicopatologia Fundamental no mundo: qualidade e difusão

Manoel Tosta BerlinckOs processos de produção científica e de difusão da Psicopatologia Fundamental, tendo começado com o Prof. Dr. Pierre Fédida, psicanalista da Association Psychanalytique de France (APF) e da Université de Paris 7 – Denis Diderot, foram transferidos, em 1995, para o Brasil, com a criação do Laboratório de Psicopatologia Fundamental do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). A partir daí, a Psicopatologia Fundamental apresentou um contínuo processo de produção científica e de difusão.

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ARTIGOS

Ódio, cúmplice do Eu

Neuma Barros e Zeferino RochaIngrediente da trama intersubjetiva, o ódio está presente na vida psíquica em circunstâncias diversas e é na situação clínica que revela suas múltiplas faces. Aqui focalizamos a forma positiva com que, na perspectiva psicanalítica, o ódio pode se revestir, como afeto essencial e elemento dinâmico de afirmação do eu. Uma história clínica ilustra essa discussão. O texto ressalta, em suma, a necessidade de ampliar a escuta analítica do ódio, cuja interpretação e manejo devem variar, a depender da vicissitude que assume e de seus propósitos na economia psíquica.

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Fenomenologia do transtorno do comportamento alimentar

Georges Charbonneau e Virgínia MoreiraPropomos a compreensão dos transtornos do comportamento alimentar hiperfágico em uma perspectiva antropofenomenológica. O exame destes transtornos deve inicialmente determinar em que medida eles são diferentes dos transtornos ansiosos e depressivos. Se existem indubitavelmente elementos adictivos nos transtornos do comportamento alimentar, em que medida é satisfatório mantê-los neste registro? O que se pode descrever de não adictivo nos transtornos do comportamento alimentar? Este artigo se dedica a discutir estas questões.

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Las pulsaciones canibalisticas de la oralidad

Francisco Pizarro ObaidEl presente trabajo propone revisitar los fundamentos históricoconceptuales del componente canibalístico asociado a la concepción freudiana de la oralidad, con el fin de interrogar sus hipótesis rectoras y analizar su posible aporte a la comprensión de los trastornos alimentarios. En primer lugar, se interrogará el origen histórico del término caníbal. Luego, se analizarán las vías de introducción del canibalismo en el campo psicoanalítico, para, finalmente, proponer que las paradójicas relaciones al deseo y la necesidad, que evidencian los trastornos de la conducta alimentaria, podrían ser redefinidas como pulsaciones canibalísticas de la oralidad. 

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Clínica, pesquisa e ensino: Nise da Silveira e as mutações na psiquiatria brasileira

Walter Melo e Ademir Pacelli Ferreira

Objetiva-se pontuar a ausência da obra de Nise da Silveira nos cânones acadêmicos. Para realçar a sua importância, propõe-se enfocar a sua obra em dois atos paradigmáticos: o primeiro, após a recusa de aplicar a ECT, a retirada de camas da enfermaria e a criação de espaço para atividades criativas e expressivas, e, o segundo, a criação do espaço externo ao hospício (Casa das Palmeiras), para casos de psicoses graves. Atos que contrapõem tanto ao clinicismo quanto à segregação asilar. Entende-se que em sua práxis, pesquisa e clínica foram indissociáveis e com forte presença do paradigma estético, o que produziu mutações na psiquiatria brasileira, ultrapassando a ideia de reforma. Conhecer seu trabalho é uma forma de contrapor a sua mitificação. Sabe-se dos limites de um artigo para analisar o legado de sua obra. Trata-se aqui de pontuar e veicular elementos escolhidos arbitrariamente e despertar interesse no seu estudo.

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A clivagem psíquica e o paralelismo discursivo na clínica psicanalítica

Ricardo Salztrager e Regina HerzogO ponto de partida da discussão é a constatação clínica de um paralelismo discursivo, em alguns pacientes, entre duas modalidades de enunciados que, apesar de coexistirem lado a lado, jamais estabelecem relações conflitantes ou formações de compromisso. Nossa hipótese é de que o paralelismo discursivo em questão é efeito de uma clivagem psíquica. A base para a discussão é o modelo de aparelho psíquico da“Carta 52”. 

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SAÚDE MENTAL

ARTIGO 

A internação para usuários de drogas: diálogos com a reforma psiquiátrica

Jaqueline Tavares de Assis, Graziella Barbosa Barreiros e Maria Inês Gandolfo ConceiçãoO artigo tem como objetivo analisar as variantes do cuidado para pessoas em sofrimento decorrente do uso de drogas, tecendo um paralelo com o percurso da reforma psiquiátrica brasileira. Para isso, apresenta-se um breve panorama das conquistas da reforma psiquiátrica para o processo de cuidado no campo da saúde mental, levantando questionamentos sobre a implantação dessa forma de cuidado no tratamento do usuário de drogas. Aponta-se para os perigos advindos do rumo atual que o campo tem tomado devido à utilização indistinta de paradigmas contraditórios que defendem práticas de internação de longo prazo.

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MEDICINA DA ALMA

ARTIGO

A fantasia não dorme: linguagem da noite e males da ilusão

Paulo José Carvalho da SilvaNa continuidade dos estudos sobre os males da alma segundo a cultura luso-brasileira e europeia dos séculos XVI ao XVIII, este artigo investiga diferentes interpretações e usos das narrativas oníricas. Em especial, trata de desordens causadas pelos excessos do gozo entendidos como engodos do mundo.

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CLÁSSICOS DA PSICOPATOLOGIA

ARTIGO

Introdução a “Ideias imperativas”

German E. BerriosO artigo de Tuke sobre ‘ideias imperativas’ é parte importante da contribuição da psiquiatria inglesa do século XIX para a construção dos conceitos de obsessão e de transtorno obsessivo (Berrios,1996). De modo geral, os grandes debates sobre estes fenômenos clínicos eram realizados pela psiquiatria francesa e alemã e os médicos ingleses limitavam-se a comentar os debates continentais. 

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Ideias imperativas

Hack Tuke

Nada seria mais acertado do que fazer minhas as palavras de um distinto membro desta sociedade: “Em saúde mental, deve-se estudar os menores desvios de padrão, e não apenas os casos de pacientes que requerem internação em sanatórios. Com efeito, em uma investigação científica os casos menos graves são os mais importantes” (Hughlings Jackson).Ao falar de ideias imperativas, refiro-me a casos nos quais o sujeito não seria considerado alienado, muito embora a perturbação mental possa ser tão penosa quanto na alienação de fato, podendo tornar-se tão pronunciada a ponto de fazer da internação um alívio para o próprio paciente. 

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HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA

ARTIGO

A primeira tese brasileira sobre a alienação mental: leituras, plágios e ciência

Ana Maria Galdini Raimundo OdaEste artigo apresenta o texto “Considerações gerais sobre a alienação mental” (Peixoto, 1837), considerada a primeira tese na área de psiquiatria no Brasil. Seu autor copiou literalmente extensos trechos de dois dicionários médicos franceses, o Dictionnaire de médecine et de chirurgie pratiques e o Dictionnaire des sciences médicales. Não se trata de apropriação destes textos científicos, mas de plágio, na maior parte da tese. O específico contexto de produção desta e de outras teses de alunos das Faculdades de Medicina do século XIX deve ser considerado, quando se analisa a história da psiquiatria no país, relativizando o papel das teses como expressão local do alienismo, ou como indicativas de uma produção acadêmica típica das Faculdades de Medicina.

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ENSAIO

Considerações gerais sobre a alienação mental

Antonio Luiz da Silva PeixotoQuerendo obter o honroso título de Doutor em Medicina, havíamos de mister, para esse fim, cumprir com um dever irrecusável da Lei, apresentando uma Tese para ser por nós sustentada perante a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Por muito tempo hesitamos em nos decidirmos pelo ponto a que déssemos preferência, para fazer o objeto da nossa dissertação. Percorrendo o vasto campo das ciências médicas, aí deparamos com os conhecimentos com que os gênios mais transcendentes, os espíritos mais infatigáveis e os observadores mais atentos, as enriqueceram com uma clareza e precisão lógica que tanto honraram o nosso século, e dão uma prova irrefragável de progressivo desenvolvimento do espírito humano, e, cônscio de nossa escassa capacidade, temendo ir, com mal aparada pena, profanar tão sagrados primores da arte, permanecemosna nossa hesitação.

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PRIMEIROS PASSOS

ARTIGO

Possibilidades e desafios na inclusão escolar

Bruna KibritApresenta-se o caso de um acompanhamento terapêutico feito junto a uma aluna com síndrome de Down, a trajetória cumprida junto a ela e junto à escola. Discute-se a possibilidade de construir um projeto singular e o lugar em que a educação se encontra para o surgimento de um sujeito desejante.

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RESENHA DE LIVROS

Idealcoolismo: uma contribuição psicanalítica ao tratamento teórico-clínico do alcoolismo

Vera Lúcia Lamas VidueirosA Coleção Clínica Psicanalítica, dirigida por Flávio Carvalho Ferraz e editada pela Casa do Psicólogo, nos oferece mais uma expressiva contribuição para a compreensão do psiquismo humano, especialmente nesta obra, que trata de um tema bastante controverso: o alcoolismo, estudado, pesquisado e reconstruído pelas mentes e mãos dos psicanalistas, Antonio Alves Xavier e Emir Tomazelli. 

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Caminhos para se pensar a promoção de saúde

Ana Cristina Garcia DiasPsicologia e promoção da saúde em cenários contemporâneos apresenta discussões sobre conceitos, teorias e práticas psicológicas a partir de um olhar positivo, centrado nas potencialidades que profissionais de psicologia e áreas afins podem adotar em seus cotidianos para promover saúde. Os textos retratam os diferentes contextos e temas, que demonstram a complexidade e a ampliação da área da Psicologia da Saúde. 

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MOVIMENTOS LITERÁRIOS

Literatura, perversão e psicanálise

Norton Cezar Dal Follo da Rosa Jr. e Maria Cristina PoliA partir de clássicos da literatura, cotejados com a leitura de Jacques Lacan, o artigo aborda as contribuições deste campo para a clínica psicanalítica concernente ao estudo da perversão. Neste momento da pesquisa, propomos a discussão de quatro obras: A filosofia na alcova, escrita pelo Marques de Sade, Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, Lavoura arcaica, de autoria de Raduan Nassar e Finnegans Wake, de James Joyce.

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INSTRUÇÕES AOS AUTORES

CAPA / COVERCapa: Teresa BerlinckImagem da Capa: Clara Benfatti, 625 objetos, 2010. Nanquim sobre papel. 54cm x 54cm.