Revistas > Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental > Volumes > Volume 13, Número 1, março de 2010

EDITORIAL

Apud

“Apud” é uma palavra latina empregada em bibliografia para designar a origem de uma citação indireta. Serve para o autor se referir a um texto considerado inacessível e que é citado por outro autor. Trata-se de um recurso que deve ser utilizado com muita parcimônia e depois de um genuíno esforço de pesquisa da citação direta.

Ana Cecília Magtaz e Manoel Tosta Berlinck

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ARTIGOS

Uma vida movida pela comoção.

O artigo discorre sobre o trabalho inicial de construção de uma “pele de palavras”, num caso onde a paciente provoca escoriações na pele de seus braços – a que denominava “catucadas” – no limite da dor sensorial que então era referida como “comoção”. Essa “dor comoção” foi entendida também como manifestação da pulsão de vida, sendo a dimensão agida na direção da separação, da individuação, da constatação da existência de um outro diferente de si.
Palavras-chave: Escoriações na pele, comoção, pulsão de vida, separação

Ana Irene Canogia e Manoel Tosta Berlinck

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Predictive value of clinical risk indicators in child development: final results of a study based on psychoanalytic theory

We present the final results of a study using the IRDI (Clinical Risk Indicators in Child Development). Based on a psychoanalytic approach, 31 risk signs for child development were constructed and applied to 726 children between the ages of 0 and 18 months. One sub-sample was evaluated at the age of three. The results showed a predictive capacity of IRDIs to indicate developmental problems; 15 indicators for the IRDI were also highlighted that predict psychic risk for the constitution of the subject.
Key words: Risk signals, child development, psychoanalysis, developmental problems

Maria Cristina Machado Kupfer, Alfredo Nestor Jerusalinsky, Leda Mariza Fischer Bernardino, Daniele Wanderley, Paulina Schmidtbauer Barbosa Rocha, Silvia Eugenia Molina, Léa Martins Sales, Regina Stellin, M. Eugênia Pesaro e Rogerio Lerner

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Reprodução assistida: os impasses do desejo

A infertilidade é, para muitas mulheres, geradora de sofrimento psíquico, visto que a reprodução humana busca a perpetuação do ser. Este artigo faz uma discussão acerca das chamadas Novas Tecnologias Reprodutivas e estuda os efeitos que a infertilidade tem no psiquismo e na condição subjetiva dos sujeitos de desejo. Busca dissociar a demanda consciente de ter um filho do desejo inconsciente que opera na produção subjetiva, fazendo sintoma. Aponta a diferença entre o desejo de ter um filho e o desejo de maternidade e suas implicações na articulação das pulsões.
Palavras-chave: Infertilidade, reprodução humana assistida, feminilidade, desejo

Manuela Lanius e Edson Luiz André de Souza

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Para uma neurobiologia do eu: uma contribuição às teorias da subjetividade

O objetivo do presente trabalho é analisar como a neurologia ou as neurociências tem proposto novas narrativas da mente a partir do ponto de vista biológico. O autor aponta de forma crítica como essas disciplinas descrevem a vida subjetiva, a identidade pessoal e o nosso “eu” a partir das contribuições do neurologista António Damásio. Defende-se a idéia da necessidade de novas descrições subjetivas no campo clínico e nas teorias da mente tais como a psicologia e a psicanálise.
Palavras-chave: Subjetividade, eu, identidade, neurobiologia

Sergio Gomes da Silva

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SAÚDE MENTAL

Artigo

Do amor à amizade na psicose: contribuições da psicanálise ao campo da saúde mental

O trabalho tem como fundamento as elaborações de Lacan para examinar o lugar do amor na relação que o psicótico estabelece com o mundo. As dificuldades relativas ao amor na psicose exigem uma abordagem particular da transferência visando à invenção de novas formas de enlace do sujeito com o mundo. A retomada das origens gregas da amizade, através da philia, nos ajudará a compreender como pode se dar a criação e a sustentação de uma amizade de transferência. A procura e a construção de uma solução possível para a transferência será evidenciada discutindo o seu manejo no coletivo.
Palavras-chave: Psicose, amor, psicanálise, saúde mental

Nuria Malajovich Muñoz

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OBSERVANDO A MEDICINA

Ensaio

A americanização da doença mental

Os americanos, particularmente aqueles com inclinações de esquerda, formados em boas universidades, preocupam- se com os estragos que fazemos em outras culturas. Em alguns círculos, é fácil fazer amigos com um discurso inflamado sobre o McDonald’s perto da Praça da Paz Celestial, sobre a fábrica da Nike na Malásia ou sobre as últimas ressonâncias de nossas intervenções políticas ou militares no exterior. Apesar de toda essa autorrecriminação, contudo, ainda temos que nos defrontar com um dos mais notáveis efeitos da globalização liderada pelos Estados Unidos: há anos estamos engajados em um grande projeto de americanização da compreensão do mundo sobre doença e saúde mental. Com efeito, nós chegamos longe na homogeneização da forma como o mundo enlouquece.

Ethan Watters

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MEDICINA DA ALMA

Artigo

A insubmissão contra o gozo do pathos ou como desarmar a resistência do melancólico.

Este artigo analisa os típicos argumentos da resistência ao tratamento da melancolia tal como descritos nas técnicas terapêuticas difundidas pelo jesuíta francês Etienne Binet (1569- 1639) em sua obra Consolation et réjouissance pour les malades et personnes affligés (1627).
Palavras-chave: Melancolia, resistência, gozo, pathos

Paulo José Carvalho da Silva

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CLÁSSICOS DA PSICOPATOLOGIA

Artigo

Cullen e a introdução do termo “neurose” na medicina.

O termo médico “neuroses” começa a ser empregado de forma técnica a partir de 1769, ano em que é publicada a primeira edição da célebre Synopsis Nosologiae Methodicae do médico escocês William Cullen (1710-1790). Tratava-se então, segundo um ordenamento classificatório inspirado na taxonomia de Lineu, da designação de uma classe de afecções gerais do sistema nervoso, não acompanhadas de febre e atingindo de forma privilegiada a sensibilidade e o movimento, reunindo quatro “ordens” específicas de fenômenos: os comas, as adinamias; as afecções espasmódicas sem febre e as vesânias, como a mania (loucura) e a melancolia
Palavras-chave: Neuroses, psicose, Cullen, taxonomia

Mário Eduardo Costa Pereira

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Ensaio

Of neuroses, or nervous diseases

1090. IN a certain view, almost the whole of the diseases of the human body might be called NERVOUS; but there would be no use for such a general appellation; and, on the other hand, it seems improper to limit the term, in the loose inaccurate manner in which it has been hitherto applied, to hysteric or hypochondriacal disorders, which are themselves hardly to be defined with sufficient precision.

William Cullen

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RESENHA DE LIVROS

Clínica humanista – fenomenológica: estudos em psicoterapia e psicopatologia crítica

Após a publicação de diversos livros – Mas allá de la persona: hacia una psicoterapia fenomenológica (no Chile, em 2001); Personalidade, ideologia e psicopatologia crítica (com Tod Sloan, em 2002); Mulher feita de azul (de poesias, em 2005); e De Carl Rogers a Merleau-Ponty: a pessoa mundana em psicoterapia (de 2007), Virgínia Moreira lança novo livro: Clínica humanista-fenomenológica: estudos em psicoterapia e psicopatologia crítica, produto da sua experiência e das inquietações como psicoterapeuta humanista e como pesquisadora coerente com sua formação fenomenológica, fundamentada na perspectiva mundana de Merleau-Ponty. A autora foi professora em diversas instituições de ensino superior no Brasil e no Chile, lecionando, atualmente, nos Programas de Pós-Graduação e de Graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza (UNIFOR).

Georges Daniel Janja Bloc Boris

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Presença sensível – cuidado e criação na clínica psicanalítica

Pode-se supor que um livro, ou melhor, que o desejo de escrever um livro, nasça da motivação de um autor em compartilhar suas ideias. A partir do “nascimento” do livro, será por meio da acolhida de seus leitores que se traçará seu percurso singular. Neste encontro, entre o livro e seu leitor, novas ideias e interrogações se produzem, sendo que a qualidade desta incessante dinâmica confere ao texto um valor inestimável: a capacidade de fazer pensar e de se desdobrar na produção de novas inquietações. Assim é Presença sensível: cuidado e criação na clínica psicanalítica, do psicanalista Daniel Kupermann, sobre o qual tenho a satisfação de escrever e que traz em si, inegavelmente, uma rica potencialidade em seu devir.

Mônica Medeiros Kother Macedo

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RESENHA DE ARTIGOS

Nem tanto e nem tão pouco: a relação entre homicídio e psicose.

Muita coisa já correspondeu às expectativas das diferentes épocas, em relação à loucura. Em História da loucura (1961), de Michel Foucault, estas expectativas são mapeadas de modo original – no método e nos resultados obtidos. Seguindo o desenvolvimento da tese foucaultiana, pode-se dizer, grosso modo, que a loucura foi objeto de três olhares bem distintos.

Guilherme Gutman

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CAPA / COVER Projeto Gráfico: Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental