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Sidnei José Casetto
Um dos maiores riscos na investigação do passado de alguma teoria é o que se poderia chamar de “ilusão dos precursores”.1 Centrados
que estamos no nosso saber, acreditando nele como a mais próxima
expressão da realidade, tendemos a ver as idéias semelhantes e
antecedentes como tateios daquilo que mais tarde seria completamente
desvelado. A história, assim, ordena-se neste olhar de retrospectiva,
parecendo um longo – mas constante – processo de descobrimento,
incluindo desvios e pistas falsas, e finalmente um ou outro personagem
capaz de enxergar com clareza o que os demais não distinguiam do
emaranhado dos fatos. Identificam-se então os “precursores”, teóricos
cuja importância equivaleria a de um João Batista em relação ao
Salvador. Em complemento, as idéias anteriores passam a ser
compreendidas em função das mais recentes, de modo que procedemos como
se todo o passado estivesse para o presente assim como o esboço
estivesse para a obra terminada.
Quando abordamos a história
anterior à psicanálise, esta impressão parece ainda mais forte, talvez
pela criação freudiana ter representado uma mudança importante em
relação a diversas concepções da medicina e da psicologia do século XIX.
Quando há ruptura de modelo, o efeito de salto qualitativo parece
estimular, paradoxalmente, a procura por indicadores que atestem uma
continuidade de pensamento, como que para mostrar o lastro da nova
idéia.
Há, neste modo de pensar, o pressuposto de que a verdade é
o decisivo juiz para que uma teoria consiga vingar. Que, cedo ou tarde
uma idéia se impõe se ela é verídica. Mais ainda: supomos que a verdade
preexiste à sua descoberta, sendo mesmo independente dela. E este
pressuposto assegura que o conhecimento humano caminha do mais distante
ao mais próximo do real. Supõe-se, portanto, que o critério para a
sobrevivência de um conhecimento é a sua maior correspondência com os
fatos, e que os fatos só são decifrados, e não constituídos pelos
conhecimentos.2
Ora,
gostaria de mostrar a existência de uma outra perspectiva para se
conceber a constituição de saberes, tal como o psicanalítico, inspirada,
em parte, num comentário feito por Freud sobre a reconstituição da
história de uma paciente a partir de sua análise. Disse ele que, uma vez
encontrados todos os elos do presente ao passado, fica-se com a
impressão de um encadeamento necessário; mas esta impressão
desapareceria se tentássemos prever o rumo do processo a partir do ponto
de partida: “Mas se empreendemos o caminho inverso, e partimos das
premissas descobertas pela análise, e procuramos acompanhá-las até o
resultado, dissipa-se por completo a impressão de um encadeamento
necessário, que não seria possível estabelecer de nenhum outro modo.”
(Freud, 1920/1986, p.160). Note-se o aspecto não triunfalista desta
proposição, capaz de reconhecer o enigmático de um percurso, mesmo
quando se consegue identificar as etapas e a lógica de sua constituição.
Como
esta idéia nos serviria? Penso ser possível derivar dela uma abordagem
histórica que não supõe como certo o ponto de chegada, não o toma como
necessário, não o concebe como tendo sido inevitável. Trata-se de um
modelo que parte do conceito, de que se quer fazer a história, como não
obrigatório, o que torna este conceito ainda mais interessante: como uma
determinada teoria veio a se estabelecer, superando outras
possibilidades normalmente existentes?
Uma impressão freqüente
que tenho na investigação histórica é a de que muitas idéias e
conhecimentos preciosos perdem-se no tempo. Para que uma proposição
teórica consiga difundir-se e tornar-se hegemônica, inúmeros fatores
devem concorrer. Porque algumas se perdem e outras não, eis uma
explicação que só se poderia conseguir a posteriori aos
acontecimentos. Seria impossível prever, por ser impossível considerar, a
cada momento, a infinidade de determinantes que operam na constituição
histórica. Isto significa também que a sobrevivência de um saber não
estaria garantida pela fiança da verdade, podendo desaparecer em favor
de outro que consiga impor-se a ele, pelos motivos que sejam.
Se,
por um lado, este modelo parece menos otimista, por não reivindicar a
verdade como selecionadora dos conhecimentos sobreviventes, por outro
lado ele apresenta um futuro de extrema abertura: nada pode ser dito
como já estabelecido, ninguém pode reivindicar o entendimento de como as
coisas deverão ser doravante. Como numa análise, nossa habilidade
resume-se à compreensão daquilo que se passou, não daquilo que se
passará. A história não estaria pré-escrita.
Um dos principais
pressupostos de nosso modelo – proposto para o estudo histórico de
teorias do campo “psi” – seria o de que teorias não seriam só nomeadoras
de fenômenos, mas também constituintes deles. Sem uma noção ou
conceito, não haveria como reconhecer a existência de qualquer processo
psicológico, não haveria como diferenciá-lo de outro, não sendo possível
destacá-lo do nada.3 Assim,
os fenômenos não seriam independentes da teorização que os descrevesse e
legitimasse sua existência. Mas, uma vez identificados no escopo de uma
teoria, e utilizados na instrução de práticas correspondentes,
constituiriam uma realidade efetiva, capaz de produzir efeitos, explicar
conseqüências, gerar novas elaborações conceituais.
Vejamos
como isso se aplica ao conceito freudiano de inconsciente. Um rápido
exame nos mostra que Freud não foi o primeiro a falar em inconsciente
(ele nunca pretendeu isso), mas é verdade que sua versão para este
conceito difere das que lhe antecederam. A concepção freudiana de
inconsciente faz referência a processos de natureza psíquica,
caracterizados como distintos de processos somáticos e de fenômenos do
espírito (imortal, vinculado à divindade). Seriam associados a um certo
“lugar” (lembremos da tópica), ainda que metafórico, do indivíduo, e
inacessível diretamente por ele mesmo. Para nós pode parecer tão óbvio
que o inconsciente deva ser concebido assim que não chegamos a supor que
pudesse ter sido descrito de outro modo. De qualquer modo, esta visão
freudiana informou um certo modo de representar o sofrimento psíquico do
homem ocidental, além de um conjunto de proposições sobre como
tratá-lo. Mais ainda, pela popularização de idéias psicanalíticas,
instruiu as pessoas sobre a natureza do seu mal-estar, e sobre suas
possíveis razões.
Que outras definições de inconsciente teriam
sido contestadas por esta que tornou-se hegemônica no século XX? Uma
delas foi a do inconsciente como instância transcendente ao indivíduo,
ponto de contato de toda a humanidade, fonte de conhecimentos, sabedoria
e poder, enfim, uma dimensão que até seria melhor qualificada de
supra-consciência, tal a importância nela de qualidades “superiores”.
Encontramos esta visão na filosofia de influência romântica.4
Uma
segunda concepção vencida foi a de uma espécie de inconsciente
“somático”, versão apoiada na noção de cenestesia, usada para explicar
certos processos superiores, como a personalidade, a partir da percepção
de estados fisiológicos próprios. Segunda esta visão, o “eu” e suas
perturbações poderiam ser associadas à maior ou menor constância de tais
impressões do “somático”, equiparando assim o inconsciente a tais
processos corporais.5
Um
terceiro ponto de vista ultrapassado pelo trabalho freudiano foi aquele
do inconsciente como “consciência segunda”, resultado de uma cisão da
consciência, que tornava autônoma a parte isolada, capaz de assumir a
direção da personalidade em alguns momentos, mostrando assim um outro eu
em operação. Este seria o caso na histeria, cuja dissociação patológica
podia também ser artificialmente provocada pela hipnose. Pensava-se,
portanto, que este estado inconsciente seria específico da patologia,
não ocorrendo em indivíduos sadios. Vemos exemplos deste raciocínio em
trabalhos de Azam, Charcot, e mesmo em alguns de Freud, como em
rascunhos da “Comunicação Preliminar”, de 1893.6 Seria
possível citar o imaginário sobre o “duplo”, difundido pela literatura
do século XIX, como um argumento sobre o fascínio aterrorizante exercido
por esta forma de enlouquecimento.7
Eram
essas as concepções de inconsciente que predominavam no universo
cultural europeu no final do século XIX, e é interessante constatar a
sua ocorrência nos textos iniciais de Freud. Mas como elas se
constituíram? Como vieram a conquistar presença em ramos diversos da
cultura, como a medicina, a filosofia e a literatura? Como rastrear este
complexo trajeto de fazer-se representar por um constructo teórico?
A
primeira pista encontraríamos nas ocorrências do próprio termo
“inconsciente”, como no caso da filosofia, mas não teríamos avançado
muito se nos restringíssemos a elas; afinal, esta nomeação estaria mais
próxima do ponto de chegada do que da suposta partida. Outra perspectiva
abriu-se com a investigação de experiências que exploravam estados de
dissociação psíquica, como os da hipnose e, antes, do magnetismo animal.8 De
fato, este caminho leva até a formulação da idéia de “consciência
segunda”, já citada, cujos nexos com a noção freudiana parecem bastante
seguros. Mas ficamos tentados a retroceder ainda mais e nos perguntar
por aquilo que teria vindo mesmo antes desta história que, afinal,
alcança apenas o final do século XVIII.
Deveríamos então
procurar por evidências da constituição de uma certa representação do
psíquico como uma dimensão espacializada, individual, e vinculado a
experiências que chamaríamos de desconhecimento ou “despossessão” de si.
Ora, percebe-se com rapidez que antes de explicações de ordem natural,
como as médicas vinculadas ao percurso do magnetismo e hipnose,
predominavam as transcendentes, que viam em condutas humanas
excepcionais a manifestação do divino. O inconsciente do Romantismo
serve-nos de elo entre as duas visões, já que parece conter a dimensão
sobrenatural que havia bastado até então.
Desse modo, como uma
espécie de avesso da noção moderna de inconsciente, teríamos os estados
considerados de possessão divina, nos quais os homens deixavam de agir
conforme o seu comum e eram capazes de proezas excepcionais ou cometiam
absurdos. Sua conduta extraordinária explicava-se pela incorporação de
alguma divindade. Casos como este encontramos descritos com freqüência
na Ilíada de Homero, mostrando que o modo grego antigo de conceber a ação humana prescindia da referência a conflitos interiorizados.9 De
fato, a idéia de divisão do eu ou de dupla personalidade supõe a
possibilidade de se representar um psiquismo capaz de opor-se a si
mesmo, possibilidade que parece ausente na antiguidade ocidental.
Note-se
que então deixamos de procurar pelos “semelhantes” históricos, para
buscar os “diferentes”, embora associados por elos temporais e nocionais
ao conceito de que partimos.10 Em
nosso modelo não se supõe que o mesmo fenômeno vá ser reencontrado em
nomes diversos, conforme se retrocede no tempo, mas sim que os
constituintes da idéia investigada poderão ser muito dessemelhantes
dela, tanto mais quanto mais distantes estiverem.
Entre um e
outro destes extremos históricos – possessão divina e instância
intra-psíquica -, supomos ter existido um processo de interiorização da
divindade que, antes, só fazia visitas temporárias aos homens. Para
apoiar esta hipótese, considerando os limites deste trabalho, vamos
indicar apenas três pontos de referência. O primeiro, ainda na
antiguidade grega, encontraríamos na lírica do Período Arcaico, cuja
poesia faz menção aos deuses de forma modificada em relação à épica de
Homero. Afrodite ou Eros continuam sendo citados, mas agora para
descrever um teatro humanode sentimentos, como nos estados
anormais – por vezes contraditórios – das paixões. Safo seria nosso
principal exemplo, mas sem esquecer de Arquíloco, dentre outros.11 O mais interessante, porém, é ver que o embate de sentimentos floresce na lírica sobretudo como lembrança dos
amores vividos, desenhando a memória como o “lugar” propriamente humano
dos arrebatamentos e torções sentimentais. Descobre-se na lírica a
memória como o âmbito propício para o exercício das sensações pessoais.
O segundo ponto situa-se já no ocidente cristão. Na aurora da Idade Média, as Confissões de
Santo Agostinho descrevem uma alma claramente espacializada pela
presença de Deus nas profundezas humanas. Mas como a alma – finita –
poderia conter Deus – infinito? “A minha alma é estreita habitação para
vos receber; dilatai-a, Senhor”.12 Ora,
o exame dos estados anímicos por Santo Agostinho o leva ao exame da
memória, impressionando-se e assustando-se com a dimensão destes
registros internos e sua organicidade. O santo mostra sua incompreensão
do esquecimento temporário de algo, e de outras indicações de que não
temos posse completa de nós mesmos: “Não chego, porém, a apreender todo o
meu ser. Será porque o espírito é demasiado estreito para conter a si
mesmo? Então onde está o que de si mesmo não encerra? Mas como é que não
o contém?” (Conf., X, 8, p.226). A resposta que encontra para estes
enigmas é o fato da alma ser a expressão da semelhança de Deus: tal como
Ele, ela também não poderia ser completamente compreendida. Avança-se
na identificação de interiores anímicos marcados pelo desconhecimento
relacionado à sua qualidade divina.
Mas este divino que se
interiorizava devia também ser dessacralizado. O nosso terceiro ponto de
referência seria um exemplo disso: trata-se dos sistemas mnemônicos que
proliferaram no século XIV, técnicas sofisticadas que criaram imensas
arquiteturas imaginárias, feitas de início para permitir o contato com
saberes superiores, mas também simplesmente para facilitar o acesso a
grande número de informações. Estas construções virtuais permitiam uma
clara representação tópica da alma, repleta de lugares reservados para
lembranças. E estes lugares já não hospedavam Deus, nem se justificavam
por Ele; eram registros humanos, mundanos, fecunda iconografia da alma
nos primórdios da modernidade.13
Quando,
após este recuo histórico, buscamos retomar o inconsciente do século
XIX, percebemos que nossa atenção volta-se para uma dimensão que antes
não parecia tão relevante: a da memória, destacada nos três pontos de
referência citados. E não temos dificuldade em encontrar ali
representações dela. Assim, por exemplo, a cisão de personalidade foi
concebida pelos médicos como um distúrbio de memória, que fazia com que
certos conteúdos não fossem integrados no mesmo conjunto, de modo que
formassem uma organização à parte. E mesmo o inconsciente freudiano,
definido inicialmente como o recalcado, que equivaleria a registros
mnêmicos cujo acesso estaria vedado, remetem a um sistema de memória,
visto também que o conteúdo inconsciente ficaria num estado de total
preservação, distante do desgaste do tempo.
Em síntese, o
inconsciente contemporâneo seria resultado de um longo processo
histórico vinculado à constituição do psiquismo humano, forjado segundo
movimentos de interiorização e humanização da divindade, e isso em
longuíssimo prazo (quase trinta séculos). Mas uma última conseqüência de
nossos pressupostos precisa ser considerada: se não partimos do
princípio de que a teoria freudiana seja espelho da realidade, então
nada indica que a história tenha terminado. Isto é, o inconsciente teria
um devir.
Não temos como prever o futuro, mas nada nos impede de
levantar hipóteses. E se a pista da memória ainda puder ser efetiva, é
instigante notar que cada vez mais, na vida contemporânea, estamos
usando suportesexteriores para os registros mnêmicos, como
demonstra toda a parafernália eletrônica-informatizada a que aderimos.
Fica a suspeita de que poderíamos ter começado a exteriorizar o que
interiorizamos nestes quase três mil anos.
_________________________
1 A figura do precursor, segundo Penna (1981, p. 28-29), é criticada por Canguilhem, Koyré, Gusdorf e Bachelard.
2 Dois trabalhos sobre a história do inconsciente que exemplificam este ponto de vista são os de Ellenberger, H.F. Histoire de la découverte de l’inconscient. Paris: Fayard, 1994 (Harper Collins, 1970) e de Whyte, L.L’Inconscient avant Freud. Paris: Payot, 1971 (Basic Books, 1960).
3 Há
um trecho de uma aula de Charcot no qual vemos uma idéia semelhante ser
sugerida: “Os senhores sabem que há numa descrição bem feita um poder
de propagação notável. Em um dado momento, a luz é tal que ela atinge os
espíritos menos preparados; o que tinha até ali ficado no nada começa a
viver e é uma grande coisa, algo muito importante em patologia, a
descrição de uma espécie mórbida até então desconhecida.” (apud Trillat,
1971/1998, p.17).
4 A respeito, ver Béguin, A. L’Ame romantique et le revê. Paris: José Caorti, 1939/1991; Loureiro, I.R.B. O Carvalho e o Pinheiro: Freud e o estilo romântico. São Paulo, FAPESP/Escuta, 2002; e Andrade, R.S. A face noturna do pensamento freudiano. Freud e o Romantismo alemão. Niterói, EdUFF, 2000.
5 Ver
“A cerebração inconsciente por Théodule Ribot” in: Cazeto, op.cit, pp.
251-266. Encontramos em textos de Freud dos anos 1880 e alguns do início
dos anos 1890 a relação entre processos não conscientes e processos
físicos: “… eis aí processos que acontecem sem consciência, que só é
possível supor, que nenhuma análise clínico-psicológica é capaz de
demonstrar. Talvez fosse mais correto dizer: estes não são de modo algum
processos de natureza psíquica, e sim processos físicos cuja
conseqüência figura-se como se real e efetivamente tivesse acontecido o
indicado pelas expressões ‘divórcio da representação e seu afeto’, e
‘enlace falso’ deste último” (Freud, As neuropsicoses de defesa,
1894/1986, p. 54).
6 “A
recordação que forma o conteúdo do ataque histérico é uma recordação
inconsciente; dito em termos mais corretos: pertence ao estado de
consciência segunda, que em toda histeria possui um grau de organização
mais ou menos elevado” (Freud, 1893/1986, p. 189). Sobre Azam e
Charcot, ver Cazeto, op.cit, pp 217-236 e 266-298.
7 Como, por exemplo, nas obras de Chamiso (A história maravilhosa de Peter Schlemihl), Hoffmann (A aventura da noite de São Silvestre), Andersen (A sombra), Dostoievski (O subsolo), Poe (William Wilson), Stevenson (O médico e o monstro), Maupassant (Horla), Wilde (O retrato de Dorian Gray).
8 A história fantástica do magnetismo animal e hipnose é objeto de estudo de Ellenberger, op.cit., e Cazeto, S.J. A constituição do inconsciente em práticas clínicas na França do século XIX. São Paulo, FAPESP/Escuta, 2001.
9 Ver Dodds, E.R. Os gregos e o irracional. Lisboa: Gradiva, 1988; e Cazeto, S.J. Da possessão divina à segunda natureza do homem. Uma contribuição à genealogia do inconsciente. São Paulo, 1993. 157 p. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica) – PUC/SP.
10 Conforme também o modelo estabelecido pela Nova História (Escola dosAnnales). Ver Ribeiro (1994).
11 Baseio-me em Fontes, J.B. Eros, tecelão de mitos: a poesia de Safo de Lesbos. São Paulo: Estação Liberdade, 1991. Um exemplo de oposição descrita por Safo nestes estados: ] …de novo, Eros que nos quebranta os corpos me arrebata, doceamargo, invencível serpente [ (p. 169, grifo meu).
12 Conf., I, 5, p.26. Muitas referências desta tópica que se desenha nasConfissões poderiam
ser feitas. Apenas mais uma: “Chama por mim a recordação do meu passado
e se torna doce, Senhor, confessar-vos com que interiores estímulos me
submetestes; como aplanastes a minha alma abatendo os montes e as
colinas dos meus pensamentos; como endireitastes as minhas vias
tortuosas e suavizastes as asperezas.” (IX, 4, p.194).
13 Ver Yates, F. The art of memory. Chicago: University of Chicago Press, 1987; e Spence, J. O Palácio da Memória de Mateo Ricci. A história de uma viagem: da Europa da Contra-Reforma à China da Dinastia Ming. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
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